sábado, 1 de maio de 2010

6A,7A,7B,8F

CONTINUANDO OS TÓPICOS PARA A ESTRUTURAÇÃO DE UM ARTIGO DE OPINIÃO,REDIJA UM TEXTO BASEANDO-SE NA PROPOSTA ABAIXO,MÍNIMO DE 15 LINHAS MÁXIMO DE 20 LINHAS,NÃO ESQUEÇA DE DAR UM TÍTULO:

Morte dos mendigos em São Paulo
Proposta de redação:
Leia o texto abaixo e redija um artigo de opinião com o seguinte tema:
"A tolerância é a virtude do fraco" - Marquês de Sade (1740-1814)
A paus e pedras (Por Paulo Lima *)
Os mendigos atacados nas ruas de São Paulo, cidade que registrou o maior número de casos até o momento, seguida de Belo Horizonte e - quem diria - Sergipe, foram mortos a pauladas, facadas e pedradas, como cães raivosos que precisam ser abatidos a qualquer custo. Se as razões para os ataques são de natureza política, para desestabilizar a candidatura de tal ou qual candidato, ainda não se sabe. Mas certamente revelam um lado sombrio da sociedade: alguém, um grupo, sabe-se lá quem, parece acreditar que pobreza se extingue a golpes de insanidade.
Carl Jung referia que o lado sombra da personalidade humana - e todos o temos - precisa ser assimilado, se quisermos gozar de alguma saúde psíquica; não se pode fingir que não está ali e simplesmente elidi-lo. Existimos como um todo, com virtudes e defeitos, com penumbras e lampejos mais ou menos fugazes.
A sombra dos mendigos - ou moradores de rua, no eufemismo criado pela mídia - expõe as fraturas abertas de uma das sociedades mais injustas do planeta, com ilhas de excelência primeiro-mundista e cenários pós-modernos, de um lado, e bolsões profundos de miséria extrema, de outro, muitas vezes convivendo numa mesma rua, e até num mesmo prédio; ou os porteiros e serviçais dos edifícios das classes altas gozam das mesmas regalias dos seus patrões? Ou seja, é a famosa luta de classes - ou será este mais um conceito abolido pelas maquinações do neoliberalismo e pela força unificadora do consumo?
Fingimos que o drama da pobreza e do mendigo largado na sarjeta não é conosco, trata-se de uma outra realidade, bem distante dos nossos olhares suficientemente domesticados pelos apelos da publicidade, que nos oferece mundos perfeitos, assépticos - e inalcançáveis.
Como os nazistas
Algo similar se passava na Alemanha nazista. As pessoas fingiam que não percebiam o que ocorria com os judeus, eleitos párias sociais de uma hora para outra. Morriam aos montes, como moscas - mas isso não dizia respeito à sociedade ariana e imaculada de então.
A maneira como convivemos mal com nossas nódoas parece ter merecido a tradução definitiva na frase de Washington Luiz, proferida em 1930. Para aquele governante, a questão social era um caso de polícia.
Era um caso de polícia, mas agora é questão para serial killer, embora o precedente já tenha sido criado, nesta e em gerações passadas. Nesta geração: César Maia propôs remover as favelas do Rio de Janeiro, extirpá-las como quem extirpa um câncer. Em gerações passadas: nos anos 60, o então governador do ex-estado da Guanabara, Carlos Lacerda, propunha o mesmo - e radicalizou; a ele atribui-se a determinação de mandar afogar mendigos no rio Guandu, numa forma de limpar a paisagem da Cidade Maravilhosa.
O filósofo pacifista Bertrand Russell considerava que a pobreza era o maior flagelo da humanidade. E ela, a pobreza, está cada vez mais disseminada, mais presente em toda a parte, seja em sociedades afluentes, seja em sociedades emergentes. Mendigos podem ser vistos em toda a parte, em cenários tão distintos como Calcutá, Manhattan, Berlim ou Paris. Mas não será a pauladas e pedradas, negando esse lado sombra das nossas imperfeições, que se acabará com os pobres. Seria como dar um tiro em nós mesmos, no intuito de pôr fim às nossas veredas mais sombrias.
* Paulo Lima é estudante de jornalismo. (Fonte:www.portrasdasletras.com.br)

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